Arquivo da categoria: Jornalismo Colaborativo

Por todos, para todos

Barrigas

thread

Dirigido por Greg Barker, o documentário The Thread aborda como o registro pessoal do cotidiano – potencializado pela evolução dos dipositivos e da rede celular – e o acesso público a dados concorre (e às vezes supera em audiência e credibilidade) o conteúdo produzido pela mídia formal.

O paradigma aqui é o atentado da Maratona de Boston e o que aconteceu no Reddit, uma rede de fóruns baseados em tópicos criados pelos usuários. Naquele dia, curadores amadores e uma rede de nerds espalhada pelo planeta reuniu informações sobre o ataque e ainda ajudou na caçada aos suspeitos. Mas também teceu milhões de teorias furadas usando frames de pessoas com mochilas e falando a celulares – quase todas negros ou estrangeiros, claro.

O pior é que muitas dessas teses de araque foram reproduzidas pelo jornalismo formal, este também forrado de conjecturas, invasão de privacidade e erros factuais. Tem barriga para todos os gostos neste filme, na verdade.

Nota importante: no Reddit, o anonimato dos usuários é regra (exatamente como quando a web foi criada). Logo, estamos falando de uma curiosa cobertura jornalística absolutamente anônima e sem créditos.

Um momento hilário é o relato de como o BuzzFeed ficou sabendo do atentado. O produto também tem jornalismo e jornalistas, mas em escala tão insignificante que só se deu conta do tamanho do incidente após avisos de usuários. Queriam que o Buzz Feed cobrisse o atentado. E, de certa forma, esse momento acabou mudando a percepção do site sobre notícias.

Apuração distribuída

O que fazer com 1,5 milhão de diários de soldados que combateram na I Guerra Mundial, cujo início completa um século neste ano?

Essa seria uma grande tarefa para um trabalho colaborativo profissional-amador, no que se convencionou chamar de apuração distribuída.

Open Data e jornalismo

Como o movimento global pelo open data está transformando o jornalismo? A Wired faz um ótimo resumo sobre esse tema, destacando, por exemplo, iniciativas como a Infoamazônia, que combina cobertura jornalística profissional e jornalismo cidadão para reportar sobre o estado da floresta.

Capa colaborativa

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A brilhante capa do jornal argentino Pagina 12 sobre a morte do ditador Jorge Videla nasceu, na verdade, no Twitter – a redação foi ao autor buscar autorização para a reprodução.

A colaboração segundo Jay Rosen

Jay Rosen, professor da Universidade de Nova York, é um dos primeiros caras a terem se tocado sobre o poder da mídia das pessoas – o avanço tecnológico dando às pessoas as mesmas condições que os jornalistas têm.

Ele relembra essa trajetória (com links preciosos) desde 1999 numa conversa que teve com o povo da Quartz, que vem transitando bem nesse novo ambiente da mídia.

Notícias da Coreia

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Kim Jong Un ainda não apertou o botão (da bomba atômica), mas seus jornalistas publicam loucamente na KCNA, a agência de notícias oficial norte-coreana.

Óbvio que não fica nessa tristeza: o avanço da tecnologia deu aos cidadãos – até aos pobres norte-coreanos – meios de fugir dessa coisa funesta.

Redes sociais e descompromisso com a acuração

A história que nos conta meu duplo colega Alvaro Liuzzi é frequente nas redes sociais: “informação” distribuída sem critério algum e que acaba virando verdade.

No caso, uma foto (abaixo) de Jorge Mario Bergoglio dando a comunhão ao ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla. Há um detalhe que salta aos olhos logo de cara: a idade dos personagens. Nos anos 70, o agora Papa Francisco tinha por volta de 40 anos – claramente o padre que aparece na imagem é uma figura mais velha (outra coisa, dar a hóstia é uma obrigação clerical, não?).

A apuração, até a descoberta da verdade, rolou pelo Twitter num interessante exemplo de “apuração distribuída” que Liuzzi trouxe a público.
Former Argentine military dictator Jorge

A participação do público na TV Globo

Acho muito legal a série “Parceiros”, pelo qual a TV Globo estimula jovens não-jornalistas a produzir conteúdo jornalístico relacionado à comunidade onde vivem.

A emissora é, de longe, quem mais está dando voz ao seu público, mergulhando de cabeça na concepção da participação das pessoas no processo de constituição do noticiário. É um caminho sem volta.

O único porém: o treinamento que esse pessoal recebe, de alguma forma, pode adestrá-los como repórteres, fazendo com que a gente perca justamente o que é mais bacana na colaboração: a ausência de vícios que os profissionais carregamos.

Os três porquinhos do Guardian

Maravilhoso o comercial do The Guardian para promover sua filosofia de jornalismo participativo e apuração distribuída: uma releitura da fábula, com direito a um surpreendente final.

Para a história.

Jornalista cidadão é ameaçado de prisão nos EUA

A polícia de Baltimore ameaçou prender um jornalista cidadão que registrava uma ação de seus oficiais – ironicamente, dias depois de a própria instituição ter divulgado nota em que dizia preservar o trabalho de quem registra fatos por conta própria.

A  National Press Photographers Association (NPPA) protestou formalmente contra a ameaça.