Moribundo, teletexto ainda sobrevive

Outro canal: a home do serviço de teletexto da emissora de TV portuguesa RTP

Outro canal: a home do serviço de teletexto da emissora de TV portuguesa RTP

A convergência entre narrativa impressa e televisão só é possível via promoção cruzada, ou seja, uma mídia sugere conteúdos da outra para sua audiência, certo? Errado.

Criada nos anos 70, a tecnologia teletexto permite uma experiência verdadeiramente suis-generis a quem assiste TV. Na prática, funciona assim: o usuário clica na função TXT em seu controle remoto e, surpresa: a tela se transforma num tosco navegador de notícias impressas, remetendo aos primórdios da internet.

“Sistema de transmissão de texto por meio da televisão. Utiliza a parte que é disponibilizada pelo sinal televisivo, permitindo ao receptor/utilizador a escolha de páginas” é uma boa definição técnica para este dinossauro que sobreviveu ao choque com o asteroide.

O homem deu ao teletexto um uso mais nobre: é por meio dele que se desenvolveu a função “closed caption”, essa sim bastante popular e útil ao telespectador.

Ancestral da web, o teletexto ainda resiste nos aparelhos de tv de pelo menos 30 países, especialmente na Europa _a Espanha, com 8 milhões de usuários, é um dos líderes do segmento. Porém a extinção é certa: na Grã-Bretanha, onde chegou a ser bastante popular, teve recentemente o funeral anunciado.

No Brasil, como relata completíssimo artigo de Lauro Teixeira, apesar de a tecnologia estar disponível (foi usada durante um tempo, por exemplo, pela Rede Globo), não houve interesse em difundi-la.

Não haverá mais tempo.

16 Respostas para “Moribundo, teletexto ainda sobrevive

  1. DROGA! Eu sempre quis usar teletexto! Maldita Banânia!
    E, outra coisa, o visual do teletexto não só lembra as antigas interfaces limitadas da internet, antes mesmo até de ter esse nome. Lembra também as antigas BBSes, populares no Brasil em meados dos anos 90.

    É uma pena que tudo isso esteja sendo deixado de lado. Eu gostava de BBSes.

    • Kosher,

      perfeito: a interface do teletexto é exatamente a BBS, superpopular no Brasil. O mais legal é saber que ainda usamos teletexto, mas sob a capa do closed caption.

  2. Um dia, na aula do Ramón Salaverría, ele perguntou: “levante e mão quem acessou teletexto essa semana”. Todos os espanhóis levantaram a mão. Todos os extrangeiros disseram “o que é teletexto?”

    Aí o meu amigo me lembrou: era aquele treco que ele viu na televisão da casa dele, numa dia em que fui almoçar lá, pra ver a classificação da Liga Espanhola durante o intervalo de um programa.

    • Em Portugal e Reino Unido (que já decretou seu fim), tb são bem populares.

      Engraçado que eu usei isso no Brasil, durante o pouco tempo em que ficou disponivel (em terminais específicos, jamais no aparelho de tv).

    • Bom, esses dias o meu amigo @leogodoy falou que a Associated Press iria abandonar o teletexto, estranhei, mas depois ele corrigiu por ter traduzido errado o termo, era teletipo.

      E é verdade, o visual do teletexto é mesmo semelhante, mas a comparação acaba aí. Preferia BBSes mesmo, mas não nego que essas imagens formadas em baixa resolução e poucas cores disponíveis na palheta me encantam.

  3. Tenho memórias valiosas da BBS =)

    • Ah, merece um extenso trabalho acadêmico sobre. Apresentou o conceito de conexão em rede à pessoas. Importantíssima.

      • Sim, pena que, aqui, chegou tarde e durou pouco. Maldito estatismo vigente na época.
        A BBS só não foi realmente importante no Brasil por causa disso, pouco tempo de funcionamento. Nos EUA existiam desde os anos 80.
        E até pensei que, no futuro, haveriam acordos pra criarem uma rede de BBBes conjuntas pra trocar dados e permitir acessos por todos os usuários. Como aconteceu de fato com a FidoNet.
        Mas aí apareceu a Internet e estragou tudo. Droga. Detesto ter de lidar com mouses, é muito ruim, muito lento.

  4. Alec,
    Quando criança, vi um vídeo texto pela primeira vez numa loja da extinta Telesp, numa espécie de museu do telefone, talvez fim dos anos 70 ou início dos 80. Era e um monitor de tela preta com letrinhas verdes. Já cursando jornalismo na PUC, nos anos 90, tinha uma disciplina com o nome “Preparação de originais, provas e video-texto”. O professor, se não me engano o Rinaldo Gama, explicou em linhas gerais do que se tratava, que aquilo tinha sido introduzido na grade nos anos 80 naquelas eternas tentativas da academia acompanhar os avanços tecnológicos mas explicou também que o negócio não foi para frente e que naquele momento já não havia mais sentido abordar o vídeo-texto especificamente.
    Abraços

    • Edmundo, o monitorzinho de tela brilhante e pequena, com letras verdes, está no imaginário de todos nós, que temos essa idade avançada. E a linguagem txt ainda durou muito na Europa… Nós é que não soubemos aproveitar.

  5. Eu achei esse artigo na wikipedia
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Teletexto

    Mas acho que ele mistura a ‘marca’ do produto da Telebrás com o sistema de teletexto europeu. Pela descrição, é mesmo BBS. E lembro de pessoas conhecidas, usuárias de MSX, falando sobre isso em uma lista de MSX (um computador dos anos 80, vendido pela Gradiente por aqui). Vou ver o que acho sobre isso, em detalhes.

    • Pois é, mas tá no próprio cerne da tecnologia: era o teletexto Telebras, “a última palavra em tecnologia hi-fi”.

  6. Fóssil vivo da comunicação! Meu primeiro trabalho com computadores, em 1986, foi numa agência de notícias por vídeotexto, usando a infra da antiga Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Mas era por telefone, bem mais interativo que por TV.

  7. Participei de um projeto piloto da Telesp aqui em São Paulo, nos anos 70, com essa tecnologia chamada de teletexto. Verdadeiro dinossauro!

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